amo !

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ninguem..


....era apenas um ser qualquer, mão esticada. Era automático, num barulho de passos, um esticar de mãos.Já nem pedia, pra que? que se advinhasse. As vezes uma moeda , uma nota, um tostão que fosse. No fim do dia se levantava, ironicamente, passava as mãos na calça suja, rôta, limpando nada. E ia sem pressa para lugar nenhum. Ia simplesmente. Sem um rumo consciente, sem um destino, sem um ponto final. Esperava apenas o dormir, e deitaria numa ilusão de cama qualquer, no instante que o sono chegasse. De repente parou em frente uma vitrine. Olhava tudo minuciosamente, viagens, cds, camisas, sapatos. No reflexo do vidro na loja se viu. Pé descalço, camisa rasgada, calça que era uma sujeira só. Sorriu.Com tristeza, sorriu, Continuou seu caminho.Sem opções, sem sonhos. Fome, frio, solidão. Nenhum bom dia, nenhum boa noite. Nenhum sorriso, nenhum amigo, nenhum, ninguem. No seu andar por andar,passou outra vez em frente a mesma loja, olhou para a mesma vitrine. E desta vez, só se olhou no vidro. Deitou ali mesmo, e chorou. Ninguem chorou com ele. Só ninguem chorou.

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